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28/05/2013

querido john

Fazer a análise da adaptação do maravilhoso livro de Nicholas Sparks, Querido John, para o filme é tarefarealmente difícil. Antes de iniciar, gostaria de pedir que quem pretende ler o livro ou assistir ao filme não leia este post, pois ele contém spoilers. Diz uma amiga minha que meu pecado foi ter lido o livro primeiro e assistido ao filme depois, mas eu creio que a ordem não teria mudado a minha impressão sobre o filme.

Na verdade, essa adaptação está no top das mais falhas que já vi. É incrível como o roteiro, adaptado por Jamie Linden, foi quase que integralmente mudado. Foram mudados detalhes da história que vão desde as características de alguns personagens até o final da história. Então, como as modificações são gritantes demais, irei elencá-las aqui:


1 - Savannah Curtis, no livro, é morena e, no filme, loira. E nesse aspecto já podemos mencionar que a atriz que faz o papel de Savannah, Amanda Seyfried, tem uma atuação, no mínimo, superficial demais. Diferente de sua atuação em outros filmes;
2 - No livro, Tim, amigo de Savannah, não mora na mesma cidade onde John nasceu, mas ele, Savannah e um grupo de estudantes estão nessa cidade (Carolina do Norte) de férias, fazendo serviço voluntário que reside em construir casas para pessoas necessitadas;
3 - No livro, Alan não é filho de Tim, mas sim irmão dele;

4 - No final do livro, diferentemente do final do filme, John e Savannah ficam separados. No filme, dá-se a entender claramente que Tim viveu mais um tempo após o tratamento feito com o dinheiro que John anonimamente lhe doou, morreu e deixou o caminho livre para John e Savanah, mas, no livro, a história se encerra com John no terreno da casa de Savannah, num lugar onde não podia ser visto, observando-a com sua família e olhando a lua cheia, triste por estar longe de sua amada, mas feliz por vê-la feliz ao lado do marido. Por sinal, essa é a grande questão do livro. No início, é questionado o que significa amar verdadeiramente e, no final, o autor responde essa questão, mostrando que amar verdadeiramente, por vezes, significa abdicar desse amor. Quando o filme modifica esse final, perde-se a essência da história.

Esses foram os aspectos mais gritantes, mais destoantes quando comparamos livro e filme. Agora, queria focar numa questão mais longa, que é a doença do pai de John Tyree e como Savannah lida com essa questão. Para tanto, explicarei como isso é contado no livro.

John conta a Savannah que nunca teve um bom relacionamento com seu pai, o qual foi pai solteiro, e que o mesmo não era muito de se comunicar com as pessoas. Diz ainda que a única coisa que realmente interessava a ele era moedas, tanto que ele era colecionador. Sobre isso sim ele conseguia falar com John, mas, depois da adolescência, seu filho não aguentou só ter moedas como assunto e, depois de uma discussão, seu pai nunca mais falou sobre moedas com o filho. Depois de ouvir isso, Savannah diz que gostaria de conhecer o pai de John e faz ao mesmo algumas visitas, inclusive conversando, é claro, sobre moedas.

Savannah, que é estudiosa de pessoas com deficiências, desconfia de que o pai de John tem uma dessas deficiências e, por isso, ele teria essa tão constante dificuldade de relacionamento e de comunicação. Então, ela, depois de desconfiar disso, se encontra com John. Primeiro, eles têm uma conversa sobre a difícil separação que em breve sofreriam (afinal John teria que voltar ao Exército). Em seguida, ela diz que tem um presente para ele, lhe dá um livro de uma professora de sua faculdade, diz que ele deveria ler esse livro e conta de sua desconfiança com relação ao pai dele. Quando Tyree entende que Savannah está insinuando que seu pai teria algum tipo de deficiência mental, ele fica muito irritado e eles têm uma grande discussão, a qual culmina com a briga em que ele quebra o nariz de Tim, melhor amigo de Savannah.

O filme mostra essa conversa, porém esse contexto do que ela desconfiou e essas visitas que ela fez para poder desconfiar de tal coisa, bem como a forma como ela conta a ele, nada disso é demonstrado, como de fato foi, nem sequer subentendido nessa adaptação para o cinema.

O que é mais chocante é que, no livro, John, depois, termina por ler o livro e concordar com o "diagnóstico" de sua amada e, a partir de então, entendendo as limitações de seu pai, ele vai se empenhar com um melhor direcionamento para ter uma reaproximação com ele. Ou seja, essa conversa e esse ato de Savannah são preponderantes para melhorar o relacionamento de John com seu pai até a morte deste. E, no filme, tudo isso é passado despercebidamente, afetando de novo a beleza dessa linda história.

Enfim, se fôssemos detalhar mais, ainda haveria alguns aspectos a se observar, porém vamos imaginar que as demais modificações foram necessárias pelo simples fato de que transformar um livro em filme é falar obviamente em modificações. O que é imperdoável é o fato de que, para quem leu o livro e assistiu ao filme, fica claro que essas modificações foram tão acirradas que modificaram definitivamente toda a essência da história.
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